Dos que a Morte não leva

Conheci Saramago há pouco tempo.
Conheci-lhe os dizeres, digo. A pessoa, tirou-me hoje Deus a aspiração de o conseguir.
Conheci por impulso, apaixonei-me às primeiras palavras e decidi: é amor para toda a vida!
E amor para toda a vida, já se sabe: Não morre!

Gosto de génios. Mais do que gosto, admiro e invejo.
José Saramago era assim. Ou pelo menos foi-o nas palavras que lhe conheci. Pela arte da escrita, sem dúvida, mas acima de tudo, pelo que por ele conheci de nós.

"Acho que todos nós devemos repensar o que andamos aqui a fazer. Bom é que nos divirtamos, que vamos à praia, à festa, ao futebol, esta vida são dois dias, quem vier atrás que feche a porta – mas se não nos decidirmos a olhar o mundo gravemente, com olhos severos e avaliadores, o mais certo é termos apenas um dia para viver, o mais certo é deixarmos a porta aberta para um vazio infinito de morte, escuridão e malogro."

in "Deste Mundo e do Outro"


Saramago morreu só por birra.
Há-de estar neste momento frente-a-frente com Deus e um dia há-de dizer-nos: o que pergunta um ateu a Deus.

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